28 de novembro de 2011

Olá!

Muito tempo que não passo por aqui, pois muitas coisas aconteceram nesses últimos meses.

Resolvi arriscar e apliquei para uma vaga mais ou menos na minha área de formação. Fiquei alguns bons meses esperando pela resposta. Na verdade, eu já tinha certeza de que era um não, afinal quando isso acontecia no Brasil, sempre vinha uma resposta negativa (quando vinha).

Gostaram do meu currículo e aceitei ficar como temporária. A princípio, o temporário seria somente por dois meses e meio. O que para mim estava de bom tamanho porque não esperava que fosse arrumar qualquer coisa por aqui tão rápido.

Aceitei por inúmeros motivos:

1 - Como disse antes aqui, vim para Dubai porque decidi me casar e nós dois concordamos que aqui talvez fosse melhor para dois, principalmente no quesito mercado de trabalho. Vim para cá com muitos planos, além de ficar ao lado de meu marido. Focar na carreira era uma das primeiras opções.

2 - A empresa é boa e a proposta também.

3 - O cargo está um pouco relacionado com minha área de formação.

4 - Chance de melhorar meu Inglês - que continua meia boca, mas melhorou muito!

5 - Ocupar mente e corpo. Adoro ficar na minha casinha, mas confesso que já estava me enjoando essa história de só ficar em casa. Até porque gosto de fazer as coisas com companhia e meu marido vive trabalhando.

Foram meses de muita, mas muita (muita, muita, muita, muita) adaptação em todos os sentidos de minha vida.  Tive mais de 15 dias de treinamento, que começava às 7h e só terminava às 15h30 - muitas vezes sem horário de almoço.

Fiquei exausta porque meu cérebro não estava mais habituado a escutar alguém falando Inglês por tantas horas seguidas.

Como se não bastasse isso, os diversos sotaques das pessoas que me treinaram: foi alemão, coreano, japonesa, francês, russo etc. Imagem, cada um com seu sotaque e algumas palavras eram impossíveis de se compreender de primeira.

Os termos específicos e técnicos que eu nunca havia escutado na vida antes!! Isso me apavorou no início, mas me controlei.

Depois de semanas exaustivas, consegui absorver boa parte e me jogaram para a prática. Juro que me surpreendi e até mesmo meus supervisores e gerentes disseram o mesmo. Recebi elogios logo na primeira semana e fiquei muito feliz com isso, afinal estava dando o melhor de mim e esforçando ao máximo.

Consegui vencer algumas barreiras do meu Inglês. Ele ainda não está no nível que eu gostaria que estivesse, mas evoluiu beeeeemm desde quando comecei.

Agora, posso soltar o verbo, né?

Antes de conseguir um emprego, eu não aguentava mais o preconceito no tom de voz e o olhar de dó que as pessoas quando me perguntavam o que eu fazia aqui e escutavam a resposta: "Por enquanto estou só em casa e tomando conta dela, do marido etc".

Para mim, tomar conta de casa e todas as outras responsabilidades que estão imbutidas nela era uma completa novidade em minha vida. Nunca precisei fazer grandes esforços no Brasil.

Vim para cá, sem saber cozinhar. Aprendi aqui, na marra, sozinha e me virando para aprender os nomes das comidas e ingredientes em inglês. Comecei a ter a obrigação e responsabilidade de limpar a casa todos os dias, de lavar, passar roupas, fazer compras no mercado etc sozinha. Coisas que no Brasil, eu não tinha total responsabilidade.

Quando as pessoas me perguntavam o que eu fazia aqui, já sabiam que eu ia falar isso, mas mesmo assim fazia questão do olhar de pena e repetir a odiosa frase: Ahhh, você não está fazendo nada, é? Nossa!!

Pera ai!!!! Fazendo nada?? Eu não falava que estava na minha casa vendo tv de pernas pra cima no sofá enquanto a empregada, passadeira e cozinheira faziam todo o trabalho. Eu poderia estar desempregada, sem alguma ocupação não-remunerada etc, mas sem fazer nada é muito exagero.

Antes mesmo de ser dona de casa, sempre tive uma certa raiva de gente que pensa que esse tipo de coisa, que associa tarefas doméstica com fazer nada!

Admiro quem consegue administrar uma casa sozinha, tomar conta de sua família, criar seus filhos, manter uma casa sempre limpa, comida gostosa na mesa, geladeira cheia etc. Isso é um trabalho que nunca tem fim e que ninguém dá valor.

Agora, empregada, tenho uma certa alegria de dizer para essas mesmas pessoas que estou sim trabalhando, mas que continuo como dona de casa. Só acumulei funções!