28 de novembro de 2011

Olá!

Muito tempo que não passo por aqui, pois muitas coisas aconteceram nesses últimos meses.

Resolvi arriscar e apliquei para uma vaga mais ou menos na minha área de formação. Fiquei alguns bons meses esperando pela resposta. Na verdade, eu já tinha certeza de que era um não, afinal quando isso acontecia no Brasil, sempre vinha uma resposta negativa (quando vinha).

Gostaram do meu currículo e aceitei ficar como temporária. A princípio, o temporário seria somente por dois meses e meio. O que para mim estava de bom tamanho porque não esperava que fosse arrumar qualquer coisa por aqui tão rápido.

Aceitei por inúmeros motivos:

1 - Como disse antes aqui, vim para Dubai porque decidi me casar e nós dois concordamos que aqui talvez fosse melhor para dois, principalmente no quesito mercado de trabalho. Vim para cá com muitos planos, além de ficar ao lado de meu marido. Focar na carreira era uma das primeiras opções.

2 - A empresa é boa e a proposta também.

3 - O cargo está um pouco relacionado com minha área de formação.

4 - Chance de melhorar meu Inglês - que continua meia boca, mas melhorou muito!

5 - Ocupar mente e corpo. Adoro ficar na minha casinha, mas confesso que já estava me enjoando essa história de só ficar em casa. Até porque gosto de fazer as coisas com companhia e meu marido vive trabalhando.

Foram meses de muita, mas muita (muita, muita, muita, muita) adaptação em todos os sentidos de minha vida.  Tive mais de 15 dias de treinamento, que começava às 7h e só terminava às 15h30 - muitas vezes sem horário de almoço.

Fiquei exausta porque meu cérebro não estava mais habituado a escutar alguém falando Inglês por tantas horas seguidas.

Como se não bastasse isso, os diversos sotaques das pessoas que me treinaram: foi alemão, coreano, japonesa, francês, russo etc. Imagem, cada um com seu sotaque e algumas palavras eram impossíveis de se compreender de primeira.

Os termos específicos e técnicos que eu nunca havia escutado na vida antes!! Isso me apavorou no início, mas me controlei.

Depois de semanas exaustivas, consegui absorver boa parte e me jogaram para a prática. Juro que me surpreendi e até mesmo meus supervisores e gerentes disseram o mesmo. Recebi elogios logo na primeira semana e fiquei muito feliz com isso, afinal estava dando o melhor de mim e esforçando ao máximo.

Consegui vencer algumas barreiras do meu Inglês. Ele ainda não está no nível que eu gostaria que estivesse, mas evoluiu beeeeemm desde quando comecei.

Agora, posso soltar o verbo, né?

Antes de conseguir um emprego, eu não aguentava mais o preconceito no tom de voz e o olhar de dó que as pessoas quando me perguntavam o que eu fazia aqui e escutavam a resposta: "Por enquanto estou só em casa e tomando conta dela, do marido etc".

Para mim, tomar conta de casa e todas as outras responsabilidades que estão imbutidas nela era uma completa novidade em minha vida. Nunca precisei fazer grandes esforços no Brasil.

Vim para cá, sem saber cozinhar. Aprendi aqui, na marra, sozinha e me virando para aprender os nomes das comidas e ingredientes em inglês. Comecei a ter a obrigação e responsabilidade de limpar a casa todos os dias, de lavar, passar roupas, fazer compras no mercado etc sozinha. Coisas que no Brasil, eu não tinha total responsabilidade.

Quando as pessoas me perguntavam o que eu fazia aqui, já sabiam que eu ia falar isso, mas mesmo assim fazia questão do olhar de pena e repetir a odiosa frase: Ahhh, você não está fazendo nada, é? Nossa!!

Pera ai!!!! Fazendo nada?? Eu não falava que estava na minha casa vendo tv de pernas pra cima no sofá enquanto a empregada, passadeira e cozinheira faziam todo o trabalho. Eu poderia estar desempregada, sem alguma ocupação não-remunerada etc, mas sem fazer nada é muito exagero.

Antes mesmo de ser dona de casa, sempre tive uma certa raiva de gente que pensa que esse tipo de coisa, que associa tarefas doméstica com fazer nada!

Admiro quem consegue administrar uma casa sozinha, tomar conta de sua família, criar seus filhos, manter uma casa sempre limpa, comida gostosa na mesa, geladeira cheia etc. Isso é um trabalho que nunca tem fim e que ninguém dá valor.

Agora, empregada, tenho uma certa alegria de dizer para essas mesmas pessoas que estou sim trabalhando, mas que continuo como dona de casa. Só acumulei funções!

25 de julho de 2011

Ahn?

Essa semana, juro que fiz essa exclamação (ahn?!) quando estava na rua conversando com uma amiga.

Não estava tarde, talvez fosse 19h. Ainda tinha luz do sol porque no verão os dias são mais longos e só começa a anoitecer depois de 19h30.

Estavamos tranquilas, em um ponto relativamente movimentado da rua quando veio um indiano pedir informação.Queria saber onde ele pegava o ônibus para Abu Dhabi.

"Não faço a mínimaaaaaaaaaaaaa ideia , meu senhor!". Isso foi o que pensei, mas não falei (deveria ter tido).

Disse que não sabia, mas que era para ele ir num ponto de ônibus que ele ia ver o mapa das rotas e qual número de ônibus o levaria para a rodoviária. Ele disse que tinha feito isso e não achou.

Pedi desculpas e sugeri que ele fosse numa cafeteria perguntar para os funcionários. Ele disse que perguntou e ninguém sabia.

Falei para ele ir no metro perguntar lá e o senhor me deu a mesma resposta.

Atééééééé qqqquuuueee finalmente ele desandou a falar sem parar.... Foi ai que comecei a ficar arrependida de não ter respondido logo o que me passou pela cabeça.

Ele veio com uma lorota gigante de que a firma que ele trabalhava o demitiu sem avisar nada e que ele estava andando o dia inteiro porque ficou transtornado e nisso perdeu dinheiro (uhum... me engana que eu gosto)...

Que ele precisava voltar pra casa em Abu Dhabi (uhum, me continua que assim eu acredito que mora mesmo em Abu Dhabi e não na área industrial de Dubai), MAAAASS QUEEEEEE ....

...  NÃO TINHA DINHEIROOOO !!!!!

Ahá !! Chegou aonde eu já sabia que ele iria chegar quando desatou a falar.

Não é novidade essa situação para mim porque quem morou no Rio uma vida inteira, está habituado com abordagens beeem piores que essa.

O problema é que aqui, assim como no Brasil, não se pode pedir dinheiro na rua. Se a polícia pega, a pessoa está ligeiramente encrecada.

Pausa para uma obs: Isso porque a maioria deles, pelo que me contaram, já está com o visto vencido há algum bom tempo. Se ele te pertuba na rua, quer dinheiro e você chama a polícia, é certo dela pedir passaporte e tudo mais. Dai, já sabem, né? Cadeia básica até ser deportado! - Provavelmente não pelo fato de pedir dinheiro, mas por estar fora da lei com o visto inválido para permanecer no país.

Eu - sei lá pq - resolvi dar somente 2 dirhams para ver se ele saia logo dali. Também fiquei com pena da figura que estava suja suja.

Ok, dei o dinheiro e falei com ele: aqui está, mas se o senhor precisar de mais alguma ajuda, eu chamo os policias ali do metro para te orientar melhor, tá?

Ele entendeu bem minha "educação" e saiu varado. Tudo bem que ainda agradeceu - coisa que no Brasil quase nenhum pedinte faz.


Depois que tudo acabou, voltei pra casa e fiquei um bocado incomodada com isso.

Eu não gosto desse tipo de atitude em lugar nenhum do mundo porque parece que é sua obrigação de dar o dinheiro. Não gosto de ser coagida a fazer algo que não quero. Não gosto de me ver em situações que me deixam sem opções de reagir.

Será que só eu acho que todo mundo que pede dinheiro na rua, parece que te olha com olhos ameaçadores, se mexe de forma suspeita como se fosse puxar a qualquer momento uma faca, arma etc?

Foi isso que eu não gostei!

Aqui é raríssimooooooooooooooooooooooooooooo você ser parado por alguém que venha te pedir dinheiro. Nunca passei por essa situação em seis meses de Dubai e nunca escutei ninguém contando algo no gênero.

Quando resolvi dividir essa minha experiência com os outros - inclusive uma local -, T-O-D-O-S me falaram: "você não deveria ter dado nada! se um começa a dar e o outro também, eles proliferam! isso é errado! dá próxima saia andando e diz que não tem grana!"

Ok, concordo.  Dá próxima, não dou nada!

18 de julho de 2011

Metro

Ando muito de metro aqui. Uma coisa boa é que existe um vagão só para mulheres e crianças.

O resto do vagão é praticamente só homens e essa área "especial" para nós é sensacional.

Uso o vagão misto quando estou com meu marido ou com minhas amigas, mas sozinha... só o de mulheres!!

Confesso que está se tornando pequeno só ter um vagão. Dependendo da hora e da direção que você pegue, vai lotadoooooo como o restante do trem.

Porém: ele é mais cheiroso (ou menos fedido); as pessoas não ficam olhando direto para vc com mta frequência; me dá a sensação de que as mulheres são até mais educadas etc.

A melhor parte? Quando um homem entra no vagão das mulheres!

Dependendo das mulheres, do tanto cheio que esteja e também da atitude do homem: ele escuta logo um berro ou recebe uma catucada ou logoooooo é avisado pelas próprias mulheres que ele ali não é permitido e elas mandam mesmo eles saírem.

O engraçado é quando o homem se faz de desentendido porque quer fingir que não sabe desse "pequeno" detalhe e fica com cara de paisagem. As mulheres avisam, o cara fica na dele e diz que não fala inglês ou que não entendeu e bla bla bla. Tudo porque o vagão misto está lotado. Não tenha dúvida que alguma mulher vai fazer ele entender a norma!

Eu adoro ver essa cena quando esses tipos entram no vagão.

Lógico que volta e meia, o homem não sabe mesmo disso. Vc saca pelo jeito que ele entra e fica no vagão e mais ainda: a expressão do rosto dele de vergonha e/ou de desculpas quando vai pro misto.

12 de julho de 2011

Eu vi !!

Eu juro que vi !!!

Algumas vezes, vamos ao mercado que é mais ou menos perto de nossa casa. Nesse calor, as idas até lá têm sido suspensas porque temos que caminhar um pedaço generoso.

Outro dia, resolvemos enfrentar a alta temperatura e ir ao tal mercado que é bem típico de árabe. Você quase não vê estrangeiro lá - ok, ok, vê sim porque a população estrangeira aqui é enorme! Vc vai ver expatriado em todos os lugares de Dubai.

Nesse mesmo mercado há lanchonetes; farmárcia; loja de roupas, de produtos de casa, eletrônicos; casa de câmbio; quiosques vendendo flores, celulares e docinhos etc.

Pois bem... precisei ir na farmárcia para conversar com o farmacêutico. Queria descobrir se um remédio que eu tomava no Brasil vendia aqui porque precisava muito dele.

Nisso que passo da entrada para o balcão, tenho que me desviar dos displays do meio do caminho. Numa das milhares de prateleiras, eu vejo nada mais, nada menos que anticoncepcional!!

Tive que controlar meus olhos e meu impulso de mexer nas caixas. Fiquei mesmo sem jeito porque, antes de vir, eu lia muito em outros blogs que aqui não se vendia pílula na farmárcia. Melhorar a frase: em algumas até se vendia, porém só poderia comprar se você fosse casada, com receita médica e com o maridinho liberando o uso.

Vim pra cá e nunca me importei de perguntar nada sobre isso. Confesso que continuo sem saber porque fiquei sem graça de perguntar ao farmacêutico se isso era verdade.

Eu vi três marcas: Yasmin, Diane e uma que esqueci o nome porque não me era comum. As três al,: de fácil acesso de qualquer mulher. Bastava você pegar com sua mãozinha e levar ao caixa!

Pensa: num mercado árabe!!!??? Preciso voltar lá para ver se existem outras marcas e como é o esquema de venda.

Sei que sai feliz com a atenção e paciência do farmacêutico comigo: achei o remédio de alergia que precisava e ele ainda me ajudou com outros! Feliz da vida !

9 de julho de 2011

Só porque sou Mulher?

Não vou entrar no mérito de que as mulheres daqui (leia-se muçulmanas) são ou não submissas. Cada religião e cultura entendem o que é melhor para seu povo.

Eu sei que, como não-muçulmana, sinto alguns olhares preconceituosos e atitudes do mesmo gênero quando estou sozinha nos malls, mercados etc.

Sempre que vamos fazer compras de mercado grande, vamos de mala. Como não temos, esse é o único jeito de não acabar com nossas colunas com tanto peso.

Aqui tem Carrefour nos malls (não em todos) e estamos habituados a ir no Mall of The Emirates. Deixamos nossa mala lá no atendimento ao consumidor e entramos no supermercado com o carrinho deles. NUNCA deu problema!

Um belo dia, resolvemos ir no Carrefour de outro mall e nisso marido pediu para eu deixar a mala no atendimento ao consumidor enquanto ele ia trocar nota por moedinhas e assim buscar um carrinho para nossas compras.

Tudo bem? Por mim, estava tudo ótimo.

Cheguei lá e o funcionário olhou minha cara e disse um estúpido e alto: NÃO !

Perguntei o motivo do não e ele disse que não e pronto.

Perguntei de novo: "por que não? tem que ter alguma explicação, todo mundo deixar de um tudo ai, por que eu não posso deixar a mala?" Ele disse que não era permitido.

Olhei com calma para dentro deste setor e vi outras malas e pacotes tão grandes quanto a minha. Por que eu não poderia fazer o mesmo que os outros? Fiquei indignada !

Segurando minha raiva, falei com ele: por que tem um bando de coisas ai e eu não posso deixar a minha? Ele impaciente, me deu uma respota áspera. Falou que se quisesse que era pra deixar minha mala no corredor do mall (ahn?! eu entendi certo? Larga um objeto meu sem ninguém olhando num corredor mega movimentado? será que ele deixaria a dele nessas condições?)

Minha educação foi para o buraco e esqueci completamente que estava em um país muçulmano, onde não estão habituados a ver mulher dando um pequeno escândalo com um homem em público.

Aumentei meu tom de voz e falei que no outro Carrefour nunca tivemos este tipo de problema. Sempre deixamos nossas coisas lá e ninguém nunca questionou e pq nesse seria diferente.

Todo mundo olhava minha cara e esperava a reação do homem. Ele só repetia que nem uma máquina: não pode! não pode!

Ok, eu estava sendo chata, mas queria que me respondesse com mais educação e me desse um motivo racional para eu ir embora com minha mala debaixo do braço.

Apelei e disse que queria falar com o gerente e os olhos do homem arregalaram!

Nesse meio tempo (oooww demora), marido chegou e o circo estava armado. O gerente disse que não teria problema nenhum em deixar a mala no atendimento ao consumidor, pediu desculpas. Ele até permitiu que a gente entrasse no supermercado com nossa mala dentro do carrinho devido ao transtorno causado.

Agora eu pergunto: tudo isso só porque sou mulher ????  precisou marido estar ao meu lado para a palhaçada parar ???

6 de julho de 2011

Habituar com as despedidas

Cheguei a Dubai no final de janeiro para começar uma nova vida. Posso considerar que estou há seis meses nesse deserto e muitas coisas já aconteceram.

Logo quando cheguei, não tinha amigos, não conhecia ninguém. Era só eu e meu marido!

Sorte que ele conhecia algumas pessoas, principalmente brasileiros. Graças a um amigo dele, uma pessoa muito especial surgiu na minha vida com uma semana de Dubai.

Esse amigo tem uma namorada - todos brasileiros - e ela foi super solidária e legal comigo. Nunca tinha me visto, nunca tínhamos nos falado por e-mail, msn, blogs ou telefone, mas assim que ela teve um tempo no trabalho e soube que eu estava em Dubai, saiu da casa dela e veio para a minha.

O contato maior antes de nos conhecer pessoalmente foi a ligação que ela me fez perguntando se eu estava em casa e se ela poderia vir aqui. Lógico que podia!!!

Nessas horas, a gente sente a mão de Deus em nossas vidas e Suas ações para nos confortar em momentos delicados.

Ela realmente veio, nos conhecemos e passamos a tarde toda conversando. Até porque tínhamos muito o que falar, afinal não nos conhecíamos e não sabíamos nada sobre a vida da outra. (rs)

O melhor? Foi que rolou empatia na mesma hora. Ela foi incrível comigo! Com o passar do tempo, me tornei amiga dela. Ela me levou para eventos de pessoas que já estão por aqui há algum tempo; apresentou amigos brasileiros; me convidava para comes e bebes na casa dela e por ai vai.

Sua amizade foi de grande valia. Eu me sentia super confortável com ela para conversar sobre tudo e gastavamos horas rindo de várias besteiras.

Ter alguém assim ao seu lado em um país estranho é algo indescritível !! Só que tudo que é bom, dura pouco.

Ela resolveu voltar de vez pro Brasil. Em questão de poucas semanas, tive que me conformar com a idéia de que ela não estaria mais em Dubai para a gente bater perna no mall ou simplesmente ficar conversando uma na casa da outra.

Os dias foram passando e a ficha só caiu no dia que ela estava pegando o avião com sua mudança, o retorno pro Brasil. O choro foi incontrolável e a triteza por uns dias tb, mas o que quero mesmo é que ela siga seu caminho da forma que achar melhor e que seja muito, muito, muitoooo feliz mesmo com a escolha que fez !!

O que quero com este post? Mostrar que ainda existem pessoas que estão disponíveis a ajudar outra sem nenhum tipo de interesse e sem ao menos conhecê-las. É raro, mas ainda existem!

Exatamente por isso, me sinto abençoada de ter a conhecido nos meus primeiros dias de Dubai e dela ter surgido em minha vida em um momento tão delicado. Fico feliz com a oportunidade que tivemos de nos conhecer e de construir uma amizade.

O problema de Dubai é esse: quando você fica amigo de alguém, esteja consciente de que essa pessoa vai embora daqui mais cedo ou mais tarde. Essa é uma terra de passagem e é preciso se habituar com isso para não sofrer.

4 de julho de 2011

O que mudou?

Sair da casa dos pais, já requer toda uma adaptação e provavelmente novos hábitos. Imaginem quando se sai da casa dos pais junto com uma mudança internacional! São muitos hábitos para se alterar e/ou incluir na rotina, portanto vou citar alguns.


* Roupas Típicas: Quando vim pela primeira vez de turistona, achava muito estranho as mulheres com suas abayas, hijab, burca e outras roupas do gênero. Não sabia para onde olhar, se poderia observá-las etc. Hoje nem ligo mais. Isso tornou-se normal.

* Tarefas domésticas: (faxinar, passar aspirador de pó, limpar banheiros, passar pano, organizar etc) nunca foram difíceis para mim porque já estava habituada com isso no Brasil. A diferença que lá, eu não tinha a obrigação de cuidar, sozinha, de uma casa e de outras vidas. Agora é tudo por minha conta por mais que marido dê uma mãozinha.

* Cozinhar !!! Isso sim foi uma mudança radical. Sempre tive medo do fogão e nunca tive interesse em aprender. Sabia o básico do básico para não morrer de fome quando fiz intercâmbio. Ficou por ai, nunca mais tentei me aprimorar.

Aqui tive que deixar esse medo e desinteresse de lado e encarar o avental, fogão, panelas e acessórios. Coloquei debaixo do braço os caderninhos de receitas, dicas da mãe e aprendi a fuxicar sites. Confesso que estou me saindo melhor do que esperava. Estou surpresa com o gosto que minhas comidas têm e feliz com o resultado.

* Horário da Reza: Escutar a mesquita em shopping, supermercados, ruas e até mesmo nos canais de TV locais.

* Luz do Banheiro: Nos apartamentos que morei no Brasil, a gente primeiro entrava no cômodo para depois acender a luz. Com você também era ou é assim, né? Aqui não! Já entrei, fechei a porta e fiquei bonita lá no escuro procurando onde estava o raio do interruptor. O infeliz fica do lado de fora! (rs)


* Mala e Mercado: Nós não temos carro aqui e transporte público, dependendo do dia e da hora, é lotado demais. Fazer compras e sair carrregando sacolas e sacolas nos braços com tanto empurra-empurra não era nada legal. Além das dores nas costas quando chegavamos a casa. Solução? Carregar uma mala com a gente (isso mesmo, mala de viagem! rs), deixar no serviço do consumidor, fazer as compras e depois usar nossa mala como "carrinhod e feira". No início foi constrangedor, mas hoje nem ligo e ficou muito mais prático.

* Sem Tradução: Como aqui tem produto do mundo inteiro, algumas vezes, parece que esqueceram de traduzir a embalagem. Nem em inglês tem! Ah, mas o árabe está sempre lá num adesivo se for necessário. Se você não souber o idioma de origem do produto - ou o árabe - fica sem entender direito (ou nada!).

* Saudades: Nesse caso, não é da família e amigos (senão estaria lá no topo da lista), mas sim de produtos e pequenas coisas do Brasil: feijão preto, nescau, queijo de minas, mandioquinha (batata baroa), farinha de mandioca etc.


Por hoje ficam esses novos "hábitos" publicados. Amanhã termino a lista.

:)


2 de julho de 2011

Calor e mal começou o verão

Julho é o mês do calor e falar que em Abril já se sentia uma diferença de temperatura do dia para a noite.

Aquele vento fresco sumiu! Não sei se fico feliz quando venta porque é um bafo quente, mas quando ele para, também é terrível! Sinceramente, ainda não me decidi o que é pior: com ou sem vento.

O céu azul, com sol, nuvens bracos são privilégios das outras estações, pois há tempos não vejo um dia bonito aqui. Acho que é o único lugar do mundo que o verão torna os dias feios. (rs).

O céu se tornou um grande balde de cinza e que muitas vezes, graças a uma mãozinha da areia do deserto ou da umidade, a visibilidade fica diminuída absurdamente.

Andar na rua? Em alguns horários, ainda se consegue fazer isso, mas eu sinto o meu corpo pesado dependendo do tempo que esteja exposta ao calor. Tenho problema de pressão baixa e calor não combina com isso.

O bom? Tudo aqui tem ar condicionado: metro, ônibus, alguns pontos de ônibus, mercado, portarias, casas, malls e por ai vai. Graças a isso fica possível sair de casa. Meus programas têm se resumido a lugares fechados com ar. Sinto falta de caminhar e pensar que amanhã gostaria de fazer um programa com marido no parque... já era! Impossível.

Nunca passei o verão aqui. Esta será a primeira vez, mas todos já me avisaram que julho e agosto são os piores meses, que é insuportável.

Deve ser mesmo insanidade ficar por essas bandas nessa época do ano porque TODO mundo que pode, está embarcando para o Brasil, Europa ou qq lugar que seja mais fresco que aqui.

Vamos ver se eu aguento...

1 de julho de 2011

Retorno ??

Tem muito tempo que não posto aqui. Acho que quem lia (ou  que ainda dá um pulo aqui), deve saber bem o motivo da falta de atualização: problemas pessoais.

Hoje começa um novo mês e espero que eu consiga retornar com as postagens. Espero que sejam mais frequentes, mas confesso que algumas vezes as tarefas do dia a dia ocupam boa parte do meu tempo.

Gi Maga, só vi seu comentário hoje e respondi no seu blog. Qualquer coisa que precise, mande seu e-mail que nos falamos.

Inté, gente!

5 de março de 2011

Alguém me ensina?

Estar longe, como tudo na vida, tem seus pós e contras. No momento, o contra se fez bem presente e tudo ao meu redor gira a ponto de me fazer sentir culpada de não estar perto da minha família.

Tive uma triste notícia sobre a saúde do meu pai que abalou a todos no Brasil e minha mãe preferiu me contar a verdade desde já para eu me preparar. Sinceramente, eu prefiro esse jeito que minha mãe lida com a realidade e gosto que ela não me esconda nada.

O problema é saber lidar com uma notícia tão ruim quando você está num país que não é seu, quando esse país fica na metade do mundo do seu de origem, quando você ainda não tem amizades construídas a ponto de se sentir confortável para ligar para alguém e chorar até dormir, quando sua família está longe demais...

O que fazer numa situação dessa? Pegar o primeiro avião e ficar no Brasil o tempo que for necessário, mas ao lado das pessoas que te amam mais do que tudo nesse mundo para dar um apoio ou simplesmente focar no início de vida aqui e esperar mais um pouco para ir pelo simples fato de que a minha presença lá não vai alterar em nada o que já aconteceu?

O meu desejo é pegar o primeiro avião, mas também não quero deixar marido aqui sozinho e ele não pode ir comigo. O problema também é dinheiro para ir e depois para voltar.

Quando recebi essa bomba, marido tinha acabado de sair pra trabalhar e vai demorar pra voltar. O que me resta a fazer? Chorar quantas vezes me der vontade pelos cantos da casa e tentar ocupar minha cabeça com outras coisas para não surtar aqui sozinha e nem entrar em depressão.

Meu pai ainda não contou nada pra mim e eu finjo que não estou sabendo de absolutamente nada! Vamos fazer do jeito que ele quiser...

E que Deus esteja ao lado dele e ao nosso também para termos forças de suportar os novos obstáculos dessa vida.

4 de março de 2011

Sotaques de Dubai

Fiquei ausente por causa de uma viagem que fiz com marido e isso me rendeu um caso para o blog.

Com o visto de residente em mãos - o qual consta que você é dependente de alguém -, eu vou sozinha para a imigração porque marido passa por outro lado. O árabe me pergunta algo em inglês que eu JURO que era "Where is (e falou o nome de marido)?".

Eu achei a pergunta mais bizarra da minha vida e olhei para trás para procurar meu marido. Achei ele e voltei a olhar pro árabe e respondi: ah, ele tá ali! Respondi felizona! A cara do árabe fechou e ele perguntou mais uma vez e eu juro que entendi a mesma coisa. Achei estranho aqui e dei a resposta igual a anterior e nisso o cara solta um "NOOOO!!!".

Virei, pedi desculpa e ele repetiu beeeem devagar. Vc pode achar que é sacanagem minha ou que meu inglês é uma droga, mas ele não me perguntou "where", mas sim "who".

Avisa que esses sotaques de Dubai são mega estranhos!!! Eu tenho que me concentrar muito para compreender o que estão falando. Tem uns que falam muito bem e você consegue conversar, mas a maioria fala meio estranho.

Pior que não são só os árabes, os indianos e companhia também pronunciam as palavras de um jeito quase incompreensível. Por exemplo, "water" é falado assim "vâtar". Quem consegue entender que o infeliz quer água com uma pronuncia dessa?

23 de fevereiro de 2011

Sendo acordados....

Sempre morei em prédio desde baby. Ficar "confinada" (segundo o meu marido que sempre foi criado em casa) é normal para mim. Só fui me dar conta deste estado quando ele usou esse termo e logo em seguida me disse: "me sinto um passarinho preso numa gaiola em um apartamento".

Eu nem dava bola para isso. Aquilo era uma situação mais do que normal para mim e nunca me senti como um pássaro preso - até porque tive as chaves de casa desde muito nova. O pátio (sim, na minha época não era play como hoje em dia) era um parque diversão onde as crianças do meu prédio se reuniam para brincar, andar de bicicleta e fazer outras artes. Isso quando não íamos para o meio da rua já que moravamos em uma sem saída.

Depois das obrigações (escola, cursinhos etc) e do entretenimento, voltava para meu confinamento feliz da vida e mais feliz de ter um quarto só para mim! Muito bom isso de ter privacidade.

E você deve estar se perguntando "o que Dubai tem com isso tudo?", "o que isso tudo tem de ligação com o título do post?". Eu explico!

Aqui, eu moro também em prédio, mas no andar 46 !!!! Nossa, quando soube disso me deu um aperto no coração porque nunca morei tão alto na minha vida. Meu coração ficou menor quando soube que não haveria uma janela que abriria por questão de segurança. (ok, concordo que existem loucos que podem se jogar desta altura e seria um transtorno enorme - mas eu queria uma janelinhaaaaaaa que se abrisse)

A sensação foi estranha no início e continua sendo para mim. Não ter onde renovar o ar que se respira é algo que me deixa ofegante, pois parece que uma hora o ar aqui dentro vai se acabar. Tudo bem que tem dutos de ar condicionado e quando o mesmo está desligado, tem sempre um ar correndo. Só que não há nada como se acordar e abrir a janela para sentir como está a temperatura lá fora!

E para completar a minha alegria, hoje fomos acordados com barulhos estranhos que me fizeram levantar (sono leve é uma droga) e quando marido vem junto para abrir as cortinas...... um andaime entre nosso andar e do vizinho !!!!

Sim, minha gente, um andaime com dois funcionários jogando um mega jato (coloca mega nisso) para limpar os nossos queridos vidros, ou melhor, as nossas janelas !!! Aquilo foi extraordinário!! Acordar com barulhos estranho que mais pareciam que a obra do lado acertou o nosso prédio e abrir as cortinas e dar de cara com DOIS (não era um e sim dois) não tem preço - nem mastercard!!!

Agradeço aos funcionários porque o vidro estava nojento e mal dava para ver lá fora depois de uma distância. O que a gente poderia fazer para limpar a janela? Nadaaa porque a ela não abre e tem vidros duplos!

E viva a nova modalidade de ser acordados !! Viva a limpeza (porque agora eu posso ver o mundo da janela de casa) !! =D

22 de fevereiro de 2011

Kit farmácia

Não tive escolha! Depois de dois dias jogada na cama sem força para praticamente nada, fui com marido na farmácia mais próxima para me ajudarem com algum remédio.

A moça - que eu ainda não consegui descobrir se realmente são farmaceuticos ou somente atendentes como a maioria no Brasil - me orientou a tomar várias coisinhas conforme fui descrevendo meus sintomas.

Minha mãe - mesmo de longe - também mandou um e-mail com várias dicas para eu melhorar o mais rápido possível.

Sai com meu kit: pastilhas para a garganta (isla moos), vick vaporub, termômetro e um óleo para fazer inalação (tipo tem o penetro no Brasil, a moça me deu um tal de olbas oil que é descongestionante que se coloca na água quente e respira o vapor).

Fora o que já temos em casa e eu estou fazendo uso: Panadol (em chá), naldecon (do Brasil mesmo) e muitaaaaa água!!!

Vamos ver quando essa virose/gripe dubaiana vai embora.

21 de fevereiro de 2011

Gripada

Ficar "doente" em um país que você acabou de chegar é complicado. Primeiro que o colo de mãe faz uma falta..... depois que marido não para em casa para dar colo tb por conta do trabalho....

Ficar sozinha e sem conseguir fazer nada o dia todo me mata !! Tinha feito planos de arrumar a casa, cozinhar e mais um bando de coisas. Sabem o que eu fiz? Praticamente nada porque estou me sentindo mega mal.

Já tomei chá, naldecon (que trouxe do Brasil - graças a Deus) e tô atrás de um redoxon. Não conheço os remédios que vendem aqui e meu inglês ainda não está 100% para eu ir na farmárcia dizer o que sinto. Até porque tenho uma dificuldade surreal de dizer as coisas que sinto para os médicos no Brasil que dirá aqui. Essas coisas de que se a dor queima, pinica, arde e afins não é comigo. Sinto dor e pronto! Só depois que me perguntam como é a dor e começam a dar opções que começo a reparar nessas detalhes.

Quero cama, cobertor, mais chá e que essa gripe vá embora logo...

20 de fevereiro de 2011

Vestidos

Tenho que ir a um casamento no Brasil e não terei tempo de comprar nada por lá. Mal cheguei a Dubai e já tenho que me enfiar em lojas mais elegantes para achar um longo bem bonito porque sou parente da noiva! Em outras palavras, não posso fazer feio.

Aqui tem vestidos lindos, mas caríssimos porque são da Channel, Armani e por ai vai as grandes grifes. As lojas mais normais para nosso bolso tem uma seleção um tanto quanto estranha para meu gosto.

Vi muitos vestidos que considero ouçados para um país muçulmano: decotes profundos nas costas, fendas gigantes nas pernas etc.

Gostei muito, mas muito mesmo de uma loja que fomos no Dubai Mall. O chato é não estar com o inglês 100% para conversar melhor com a vendedora, mas a que me atendeu foi um amor! Ela me ajudou bastante a ver detalhes dos vestidos que experimentei.

Quando sai com um lilás do provador (ele tinha alcinhas, um decote normal no busto e coisas no gênero), andei um pouco para mostrar para marido que estava na loja - a moça pediu para ele me esperar lá - e uma cliente quase caiu com tudo em mim. Os olhos delas esbugalharam, ela ficou segurando um vestido que estava nas araras por longos minutos e nem piscava...

Não sei se eu choquei a cliente com a "ousadia" de sair do provador para a loja com um vestido daquele ou se ela me achou muito feia na roupa ou muito bonita! (rs) Vou ficar sem saber o que se passou na mente dela.

Eu amei um vestido longo e prata que tinha lá. Marido e vendedora gostaram do lilás, porém a irmã dele já vai com um vestido naquele tom, ou seja, descartei de vez roxos, lilás e cores afins. Teve um dourado muito bonito, mas achei que me engordou, então volto pro prata.

Fui a tantas outras coisas, só que não achava mais nada bonito, elegante, com boa costura e com um preço razoável. Vontade de ir lá e comprar correndo o prata, mas minha consciência diz que é pra pesquisar em outro mall...

O que fazer? rs

18 de fevereiro de 2011

TV em Dubai

Sozinha em casa, cansada de arrumar a casa, sento no sofá e agarro, pela primeira vez, o controle da televisão.

Marido fez assinatura de um pacote para a gente assistir. Pegou o pacote ocidental porque a empresa afirmou que tinham mais de 400 canais em vários idiomas.

Como não achei a guia com os canais, fui um por um (que paciência, hein?!) e acho que a empresa esqueceu de avisar que nosso pacote não tem os mais de 400 canais. Eles oferecem realmente mais de 400, mas a gente tem uns 20 em inglês, uns milhares em árabe (???) e outros em indiano. Aff! E isso é que eles chamam de pacote ocidental?? Avisa, né?

Me aventurei e assitir por alguns minutos as "novelas" árabes. Morri de rir porque parece que você está em um teatro de tão arcaico que é o cenário; as roupas mais parecem dos anos 80 e o dramalhão é de novela mexicana! hahaha Não entendi uma vírgula, só mesmo o visual..

Depois fiquei no canal que só mostrava as pessoas dentro de uma mesquita girando e girando em volta de algo que não sei explicar o que. Nisso, passavam os horários das rezas em diversas partes do mundo.

Resolvi mudar e ver aquele seriado Dr. House... juro que estava em inglês, mas não conseguia entender direito... dai achei que era sono, mas no dia seguinte fui assistir o mesmo canal e a programcação estava TODA em árabe! Será que eu vi o seriado em árabe? rs

16 de fevereiro de 2011

Valentine's Day !

Dia 14 de fevereiro foi o Valentine's Day aqui em Dubai !

Na minha simples concepção, um país muçulmano não comemorava esta data que é similar ao Dia dos Namorados no Brasil. Só que eles permitem que a gente comemore e falar que tinham flores, caixas de bombom em formato de coração e vários pacotes especiais em resort, restaurantes e spa por toda cidade.

Há quem não suporte esta comemoração, que risque do seu calendário mesmo namorando e outros que acham besteira e tudo mais nesse gênero.

Eu nunca dei grandes bolas para o dia dos namorados, mas confeso que fiquei feliz da vida nesse ano porque marido conseguiu ficar comigo neste dia. Nunca conseguimos comemorar o valentine's day (seja aqui em Dubai, Brasil ou em qualquer parte do mundo) e exatamente por isso organizamos um belo pic-nic em um dos parques de Dubai. Sim, Dubai tem verde sim e fomos no maior dele: Creek Park.

O dia estava lindo, sol quentinho, vento fresco, algumas nuvens branquinha e céu mega azul. Enquanto fazíamos o trajeto de ida e volta do parque, vimos várias pessoas segurando suas rosas e buquês! Ah, também tinham muitos bichinhos de pelúcia.

Achei muito legal os casais comemorarem mesmo estando em Dubai. Para mim, continua contraditório porque até pouco tempo aqui não era permitido - por lei - os casais andarem de mãos dadas. Hoje já pode, mas dar beijinho (o nosso famoso selinho) em público é querer contar muito com a sorte para não ser preso ou deportado!

Só um "ps", as flores aqui são caríssimas. Bem, pelo menos eu acho. Tem até um anúncio no jornal que mostra uma única rosa vermelha por 9,95 AED, ou seja, um botão de flor custa uns R$ 5,00. Carinho, né?! E eu que reclamava dos dois reais que a barraquinha perto de casa cobrava! hahahaha 

11 de fevereiro de 2011

Primeiros Dias

Minha mudança definitiva para Dubai foi relativamente tranquila, porém fiquei alguns longos dias sem internet, televisão e telefone fixo em casa.

Meu único contra-tempo foi com a TAM que imprimiu o meu nome errado no cartão de embarque. Colocou todos os meus dados corretos, mas o meu primeiro nome foi de outra passageira. Aconteceu isso com várias pessoas do meu voo.

Tirando a tensão das muitas horas de atraso, de esperar mais de 20 minutos dentro do avião para ele decolar e dessa situção do nome errado. O voo para São Paulo foi tranquilo.

Depois foi uma correria em Guarulhos para pegar o voo para Dubai. Fizemos uma meia maratona de uma asa para a outra do aeroporto para pegar o check-in aberto e embarcamos.

A viagem de 14h foi muito boa, exceto pela turbulência relativamente forte e constante. Só que eu vim dormindo quase o voo todo e com o cinto preso na minha barriga o tempo todo que estive deitada. Eu acordava só quando meu marido avisava que ia ter comida ou quando me batia muita saudade dos meus pais. Nessas horas, eu vi um filme.

Por falar em saudades, não foi nada fácil me despedir dos meus pais e do meu cachorro. Fui com os olhos cheios d`água para o aeroporto do Rio, no voo para SP e volta e meia dava uma chorada no de Dubai. É a pior coisa ter que se despedir das pessoas que você mais ama nessa vida.

Não sei quando voltarei ao Brasil, não tenho data certa, mas a saudade aperta cada dia que passa. Sorte que existe internet, msn, skype e outras tecnologia que permitem que a gente fale, escreva e veja essas pessoas, não é?

Algumas vezes me pego falando "porque aqui", mas me referindo ao Brasil ou a minha cidade. Já falei várias vezes "porque na minha casa"... e meu marido diz: "sua casa agora é aqui, amor!". E é verdade!!! Tenho que me habituar com muitas coisas.

Tenho que começar a ver esse apartamento como meu lar; comprar coisas que deem minha cara, meu toque; procurar achar conforto em um local e em um país estranhos.

Me animo quando leio em outros blogs, como o da Even - que mora na Alemanha -, que as autoras conseguiram chamar outro país de casa, de pátria. Isso me dá forças de olhar tudo que tenho vivido aqui de outra forma!

É isso. Depois conto minhas experiências nessa caixinha de areia...

Espero que ainda tenha alguém me lendo por aqui... rs

30 de janeiro de 2011

Oração Islâmica

Não sigo o Islam, mas vivo em um lugar que muitas pessoas seguem. Sou da teoria que devo respeitar os costumes, cultura e religião do país que me permitiu morar em seu território.

Para isso, eu acredito que não se pode ter respeito sobre algo que não conhecemos ou que só ouvimos falar mais ou menos nos meios de comunicação. Há muito preconceito contra os muçulmanos e o modo como eles seguem suas vidas.

As pessoas têm muito medo do que podem encontrar aqui e confesso que eu mesma tinha isso. As regras em Dubai são completamente diferente das que eu sabia do Brasil. É tudo muito novo e cada dia que passa, procuro me informar mais sobre as leis e religião.

Quando vim pela primeira vez, havia uma mesquita bem do outro lado da rua da acomodação do meu marido e eu fiquei nervosa com os chamados dela para a oração. A primeira, que era feita beeeem de madrugada, ainda nem tinha sol. Essa era a pior de todas para mim! (rs) Sempre acordava ele para ficar conversando comigo enquanto o alto falante chamada os fiéis.

Eu me programava para fazer tudo antes ou depois do horário das orações ("salat") porque tinha receio de estar no meio da rua quando isso acontecesse, mas nem dá nada! O mercado próximo fechava as portas para que seus funcionários pudessem rezar e alguns outros estabelecimentos fazem a mesma coisa.

Com o tempo, você habitua com tal chamado ("Adhan") e passa a nem escutar direito. Ele acontece nas ruas (se tiver mesquista por perto), dentro dos shoppings e no aeroporto. Esses foram os principais locais que eu estava e que escutei. Tanto no mall quanto no aeroporto, há salas de oração que os muçulmanos se retiram para orar. Não sei se nós, estrangeiros que não seguimos o Islam, podemos entrar.

A minha curiosidade me permitiu descobrir que eles têm 5 orações principais e obrigatórias, cada uma possui seu horário. Por ter ficado próximo de uma mesquita, eu mais ou menos tinham noção da hora que cada uma acontecia. Depois me informei melhor e aqui está o resultado: oração da alvorada ("Fajr"), oração do meio dia ("Dhuhr"), oração da tarde ("Asr"), do pôr-do-sol ("Magrib") e da noite ("Isha").

Clicando no jornal local, descobri um link com os horários de 2011.

Time difference between UAE emirates: Abudhabi: +4 minutes: RAK: -4 minutes: Fujairah: -6 minutes

Hijri
January
Day
Fajr
Dhuhur
Asr
Magrib
Isha
1432
2011
(AM)
(PM)
(PM)
(PM)
(PM)
Muharram  26
1
Sat
05:44
12:27
03:27
05:43
07:13
Muharram  27
2
Sun
05:44
12:27
03:27
05:43
07:13
Muharram  28
3
Mon
05:44
12:27
03:27
05:44
07:14
Muharram  29
4
Tue
05:44
12:27
03:27
05:45
07:15
 Safar 01
5
Wed
05:44
12:27
03:27
05:46
07:16
 Safar 02
6
Thu
05:44
12:27
03:28
05:46
07:16
 Safar 03
7
Fri
05:45
12:27
03:28
05:47
07:17
 Safar 04
8
Sat
05:45
12:27
03:28
05:48
07:18
 Safar 05
9
Sun
05:45
12:27
03:29
05:48
07:18
 Safar 06
10
Mon
05:45
12:27
03:29
05:49
07:19
 Safar 07
11
Tue
05:45
12:27
03:29
05:50
07:20
 Safar 08
12
Wed
05:45
12:28
03:29
05:50
07:20
 Safar 09
13
Thu
05:46
12:28
03:30
05:51
07:21
 Safar 10
14
Fri
05:46
12:28
03:30
05:52
07:22
 Safar 11
15
Sat
05:46
12:28
03:31
05:53
07:23
 Safar 12
16
Sun
05:46
12:29
03:32
05:53
07:23
 Safar 13
17
Mon
05:46
12:29
03:33
05:54
07:24
 Safar 14
18
Tue
05:46
12:29
03:34
05:55
07:25
 Safar 15
19
Wed
05:45
12:30
03:35
05:56
07:26
 Safar 16
20
Thu
05:45
12:30
03:36
05:57
07:27
 Safar 17
21
Fri
05:45
12:31
03:36
05:57
07:27
 Safar 18
22
Sat
05:45
12:31
03:37
05:58
07:28
 Safar 19
23
Sun
05:44
12:32
03:38
05:59
07:29
 Safar 20
24
Mon
05:44
12:32
03:39
06:00
07:30
 Safar 21
25
Tue
05:44
12:32
03:39
06:00
07:30
 Safar 22
26
Wed
05:44
12:33
03:40
06:01
07:31
 Safar 23
27
Thu
05:43
12:33
03:41
06:02
07:32
 Safar 24
28
Fri
05:43
12:34
03:42
06:03
07:33
 Safar 25
29
Sat
05:43
12:35
03:43
06:04
07:34
 Safar 26
30
Sun
05:42
12:35
03:43
06:05
07:35
 Safar 27
31
Mon
05:42
12:36
03:43
06:05
07:35


Quando falo para as pessoas que há o "Adhan" (o chamado para o início das orações dos muçulmanos) no meio da rua - se tiver uma mesquita próxima de você -, shoppings e aeroporto, todos têm a mesma reação: se espantam!

Não critico, nem falo mal ou muito menos julgo porque eu também passei por isso e ficava ansiosa com o Adhan. Agora já passou, mas continuo achando curioso tudo isso. É um mundo muito diferente do que eu estava habituada.

Outro dia, achei uma explicação sobre o chamado em um site. Dizem que na época de Maomé, cada religião procurava sua própria maneira de chamar seus seguidores para o culto/orações. Segundo o site, os judeus usavam a corneta; os budistas, a trombeta, enquanto os cristãos faziam uso dos sinos em suas igrejas. O jeito que os muçulmanos encontraram para avisar seus fiéis era com o Adhan. Do alto dos minaretes das mesquitas, um aviso é feito como se fosse um tom de música (local - árabe) por uma pessoa encarregada de convidar os muçulmanos para a oração e devoção a Deus.

Quando li isso, minha memória foi longeeee e se ela não me trai, lembro dos sinos da igreja católica perto da minha casa tocarem em diversos horários quando eu era criança. Foi por isso que achei lógica a explicação do site.